Você já ouviu falar de SWAP CAMBIAL? Por que ele é importante?
- Márcio Silva

- 12 de jun.
- 3 min de leitura
O swap cambial é um instrumento financeiro utilizado no Brasil, principalmente pelo Banco Central (BC), para intervenção no mercado de câmbio e gerenciamento da liquidez em dólares e reais.
Embora seja um derivativo complexo à primeira vista, seu funcionamento pode ser compreendido claramente.
O QUE É UM SWAP CAMBIAL?
Swap cambial é uma operação em que há a troca (swap) dos rendimentos entre duas partes, normalmente:
Uma parte assume a variação do câmbio (dólar);
A outra parte assume um indexador de juros doméstico (geralmente a taxa CDI).
Apesar de ser uma operação em reais (sem troca física de moeda), o swap cambial simula os efeitos de um empréstimo ou hedge cambial.
OBJETIVOS DO SWAP CAMBIAL
Hedge (proteção cambial): Empresas e bancos podem se proteger de oscilações do dólar.
Instrumento de política monetária e cambial: O Banco Central usa swaps para:
Reduzir a pressão sobre o dólar (quando há escassez de moeda estrangeira);
Ajudar a controlar a inflação (via câmbio);
Influenciar a liquidez no mercado.
COMO FUNCIONA NA PRÁTICA?
Vamos usar um exemplo prático para ilustrar:
Exemplo de Swap Cambial Tradicional (Banco Central vende swap cambial)
Imagine que o dólar está subindo rapidamente e o BC quer conter a volatilidade.
O que o BC faz:
Vende um swap cambial no mercado futuro.
Ele oferece ao mercado a variação do dólar + juros em dólar (geralmente zero).
Em troca, recebe a taxa de juros doméstica (CDI).
Do lado do investidor (ex: banco ou empresa):
Ele recebe a variação do dólar (se protegendo de uma alta da moeda).
E paga CDI ao Banco Central.
Resultado:
O mercado ganha proteção contra a alta do dólar.
Isso reduz a demanda por dólar no mercado à vista, aliviando a pressão cambial.
O BC não entrega dólares reais, mas sim um contrato derivativo.
Detalhamento Técnico
Parte Recebe Paga Banco Central CDI Variação cambial Investidor Variação cambial CDI
Se o dólar sobe, o investidor recebe a valorização. Se o CDI for mais alto, ele paga essa taxa.
IMPACTOS ECONÔMICOS
1. Sobre o câmbio
Reduz a pressão compradora por dólar;
Sinaliza que o BC está atuante e disposto a conter volatilidade;
Melhora a previsibilidade para importadores, exportadores e investidores.
2. Sobre a inflação
Câmbio mais controlado = preços de bens importados sob controle;
Reduz o repasse cambial (pass-through) para os preços internos.
3. Sobre a taxa de juros
Swap cambial absorve liquidez em reais (já que o BC recebe CDI);
Pode ter efeitos parecidos com uma alta de juros, embora indiretamente.
EXEMPLO REAL (2013-2015)
Durante o governo Dilma Rousseff, o Brasil enfrentou forte volatilidade cambial. O Banco Central, sob Alexandre Tombini, interveio massivamente com swaps cambiais para segurar a alta do dólar.
Foram ofertados diariamente bilhões de dólares em swaps cambiais.
O objetivo era conter o dólar e dar previsibilidade a empresas endividadas em moeda estrangeira.
Resultado: o dólar foi parcialmente controlado, mas o custo dessas operações foi alto.
CUSTO FISCAL DOS SWAPS
O swap cambial é um contrato financeiro, e seu resultado (ganho ou perda) impacta o caixa do Tesouro Nacional:
Se o dólar sobe muito e o BC tem que pagar a diferença aos investidores, isso gera prejuízo (como ocorreu em 2015).
Se o dólar cai, o BC tem lucro com os swaps.
Esses resultados são registrados na conta de resultado das operações cambiais do Banco Central.
PARA QUEM SERVE
Empresas exportadoras: travam receitas futuras em dólar.
Importadoras e aéreas: protegem-se contra altas do dólar.
Bancos: equilibram posições de seus clientes.
Investidores: fazem arbitragem ou hedge.
ENTENDEMOS QUE
O swap cambial é um derivativo financeiro que permite trocar variação cambial por CDI.
O Banco Central o utiliza como instrumento de intervenção indireta.
Ele não movimenta dólares físicos, mas tem forte impacto no mercado de câmbio.
Pode gerar ganhos ou perdas ao Tesouro, dependendo da direção do câmbio.




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