Por que o valor do Dólar flutua?
- Márcio Silva

- 17 de ago.
- 3 min de leitura
O valor do dólar em relação ao real brasileiro é um dos indicadores mais importantes da nossa economia e, como qualquer mercado, ele é definido pela lei da oferta e da demanda. Basicamente, quanto maior a demanda por dólar e menor a oferta, mais caro ele fica. E vice-versa.
Esses movimentos são influenciados por uma complexa rede de fatores, que vão desde a situação econômica interna do Brasil até eventos globais.
Fatores Internos (Brasil)
A economia brasileira e a percepção de estabilidade do país são cruciais para a cotação do dólar.
Política Fiscal: É a forma como o governo gasta e arrecada. Se os investidores percebem que as contas públicas (dívida do governo) estão fora de controle, eles perdem a confiança no real. Isso os leva a tirar seu dinheiro do Brasil e a comprar ativos mais seguros, como o dólar. Com a saída de capital, a oferta de dólares diminui e o preço sobe. Um exemplo disso é a reação do mercado a anúncios de aumento de gastos públicos sem uma contrapartida de aumento de receita, o que gera incerteza sobre a capacidade do governo de pagar suas dívidas.
Política Monetária e Taxa de Juros (Taxa Selic): A taxa Selic, definida pelo Banco Central, é a principal ferramenta da política monetária. Quando a Selic está alta, ela atrai investidores estrangeiros que buscam maior rendimento para seus investimentos de renda fixa. Para investir no Brasil, eles precisam converter seus dólares em reais, aumentando a oferta de dólar e, consequentemente, derrubando o seu valor. O oposto também acontece: quando a Selic cai, o Brasil se torna menos atrativo para esses investidores, que retiram seu capital, diminuindo a oferta de dólar e elevando sua cotação.
Cenário Político: A estabilidade política e a credibilidade do governo afetam diretamente a confiança dos investidores. Crises políticas, decisões inesperadas ou falas de autoridades que causam incerteza podem fazer com que o mercado reaja, elevando a aversão ao risco e provocando a fuga de capital.
Fatores Externos (Globais)
A economia dos Estados Unidos e o cenário internacional têm um peso enorme na cotação do dólar no Brasil e no mundo.
Política Monetária do Federal Reserve (Fed): O Banco Central dos EUA, o Fed, também define sua taxa de juros. Quando o Fed aumenta os juros, os títulos americanos se tornam mais atraentes para os investidores globais. Isso faz com que o capital saia de países emergentes, como o Brasil, para ser investido nos EUA, considerados mais seguros. Esse movimento causa uma valorização do dólar frente a outras moedas.
Cenário de Risco Global: Em momentos de incerteza global, como crises financeiras, guerras ou pandemias, o dólar é visto como um ativo de refúgio — um porto seguro para os investidores. A demanda por dólar aumenta no mundo todo, o que naturalmente eleva seu valor em relação ao real e a outras moedas.
Preço das Commodities: O Brasil é um grande exportador de commodities (soja, minério de ferro, petróleo). Quando os preços desses produtos no mercado internacional sobem, há um aumento na entrada de dólares no país, já que as empresas exportadoras recebem suas vendas em moeda estrangeira. Essa maior oferta de dólar no mercado interno tende a derrubar a sua cotação. O inverso ocorre quando os preços das commodities caem.
Exemplos Práticos
Para entender melhor como esses fatores interagem, vamos a alguns exemplos:
Dólar Alto: O governo brasileiro anuncia uma política de aumento de gastos que o mercado considera insustentável. Ao mesmo tempo, o Federal Reserve, nos EUA, aumenta seus juros. O resultado é a combinação da falta de confiança no Brasil com o aumento da atratividade do mercado americano. Os investidores tiram seu dinheiro do Brasil, a oferta de dólares no mercado interno cai drasticamente, e o dólar dispara em relação ao real.
Dólar Baixo: O Brasil apresenta um superávit comercial robusto (exporta muito mais do que importa), o que significa um grande volume de entrada de dólares. Ao mesmo tempo, a taxa Selic é elevada para combater a inflação. Essa combinação torna os investimentos no Brasil mais rentáveis. O capital estrangeiro é atraído, a oferta de dólares aumenta e sua cotação diminui.
É importante notar que a cotação do dólar não é determinada por um único fator, mas pela interação e equilíbrio de todos esses elementos. O mercado cambial é dinâmico e reage a notícias, expectativas e eventos econômicos e políticos de forma contínua.




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