Nova Reforma Tributária, saiba o que muda.
- Márcio Silva

- 4 de jun.
- 3 min de leitura
A nova Reforma Tributária brasileira, aprovada em 2023 por meio da Emenda Constitucional 132, é uma das maiores mudanças no sistema de tributos do país nas últimas décadas.
Ela tem como foco principal simplificar e modernizar o modelo tributário sobre o consumo, combatendo a cumulatividade, aumentando a transparência e reduzindo a complexidade.
Unificação de Tributos: Fim de 5 tributos e criação de 2
A reforma extingue cinco tributos sobre o consumo:
PIS
Cofins
IPI
ICMS (estadual)
ISS (municipal)
E cria dois novos tributos:
IBS - Estados e municípios (Imposto sobre Bens e Serviços) - Substitui ICMS e INSS
CBS - União (Contribuição sobre Bens e Serviços) - Substitui PIS e Cofins
Imposto Seletivo (IS) - União (Imposto do pecado) - Substitui parcialmente o IPI
Exemplo prático:
Imagine a venda de um refrigerante por uma fábrica para um supermercado. Antes da reforma, incidiam:
PIS + Cofins (cumulativos ou não)
IPI (sobre produtos industrializados)
ICMS (estadual)
ISS (em serviços de entrega ou distribuição)
Após a reforma:
CBS (único tributo federal sobre consumo)
IBS (único tributo estadual/municipal)
Imposto Seletivo (se for um produto prejudicial à saúde)
Transição: Gradual e longa (2026 a 2033)
Etapas principais:
2026: Começa a cobrança da CBS e IBS em alíquotas testes (1% para CBS, 0,1% para IBS)
2027: Extinção de PIS e Cofins; CBS plena entra em vigor
2029 a 2032: Transição progressiva do ICMS e ISS para o IBS
2033: Sistema antigo extinguido
Modelo de IVA (Imposto sobre Valor Agregado) com crédito financeiro
O que muda?
O sistema agora permite crédito financeiro amplo. Ou seja, empresas poderão abater todo o tributo pago nas etapas anteriores da cadeia.
Exemplo prático:
Uma indústria compra insumos por R$ 1.000 e paga R$ 100 de IBS. Depois vende o produto por R$ 2.000 e cobra R$ 200 de IBS. Ela poderá descontar os R$ 100 pagos, recolhendo apenas R$ 100 líquidos.
Cobrança no destino (e não na origem)
Hoje, o ICMS é cobrado no estado de origem da venda, o que gera guerra fiscal entre os estados.
Com a reforma, o IBS será cobrado no estado de destino do consumidor final.
Exemplo prático:
Uma fábrica no Paraná vende para um cliente no Ceará.
Hoje: o Paraná arrecada o ICMS.
Após a reforma: o Ceará arrecada o IBS.
Alíquota padrão estimada: entre 25% e 27%
A alíquota ainda será definida por lei complementar. A estimativa é de que a soma de CBS + IBS fique em 25% a 27%.
Cesta básica nacional com isenção
A reforma cria uma cesta básica nacional com alíquota zero de CBS e IBS, definida por lei. A ideia é focar nos itens essenciais de alimentação.
Há também alíquotas reduzidas (60% de desconto) para setores como:
Educação
Saúde
Transporte público
Produtos agropecuários e culturais
Cashback para população de baixa renda
A reforma prevê devolução parcial do imposto pago (cashback) para famílias de baixa renda, com base no Cadastro Único (CadÚnico).
Exemplo prático:
Uma família de baixa renda compra R$ 1.000 em alimentos.
Mesmo que a alíquota seja zero para a cesta básica, alguns produtos terão tributos.
Parte do tributo pago será devolvido diretamente para essa família.
Conselho Federativo: Gestão do IBS
Será criado um Conselho Federativo do IBS, com representantes dos estados e municípios, responsável por:
Gerenciar a arrecadação do IBS
Distribuir os valores entre os entes
Evitar guerra fiscal
Regimes específicos (excetuados)
Alguns setores terão tratamento diferenciado, por sua natureza ou complexidade:
Combustíveis e lubrificantes
Energia elétrica
Serviços financeiros
Planos de saúde
Educação privada
Eles terão regimes próprios ou transição diferenciada, mas com maior transparência.
Objetivos da Reforma
Simplificação: reduzir número de tributos e obrigações acessórias
Transparência: preço do tributo será visível ao consumidor
Fim da guerra fiscal
Neutralidade: não aumentar carga tributária (teoricamente)
Estímulo ao investimento: reduzir o custo da burocracia tributária
Impactos esperados
Positivos:
Menor contencioso jurídico tributário
Redução de custos de conformidade
Maior competitividade para empresas
Estímulo à formalização
Riscos:
Aumento da carga em alguns setores (ex: serviços)
Dificuldade de ajuste para pequenas empresas
Complexidade durante a transição




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