Como o mercado financeiro está reagindo ao conflito entre Israel e Irã?
- Márcio Silva

- 23 de jun.
- 2 min de leitura
Mercado de Ações: Resiliência Relativa
➤ Estados Unidos (S&P 500, Nasdaq, Dow Jones)
A queda inicial do S&P 500 foi inferior a 1,5%, um movimento considerado pequeno para um evento geopolítico dessa magnitude.
Historicamente, eventos como guerras ou atentados causam quedas iniciais maiores (ex.: Guerra do Golfo -7%, 11/09 -12%).
O mercado se apoiou na força das ações de tecnologia e em uma leitura de que o conflito pode continuar contido, sem afetar diretamente a infraestrutura global.
➤ Europa (STOXX 600, DAX, CAC 40)
O temor inicial de envolvimento da OTAN e da escalada para um conflito regional mais amplo provocou uma retração nas bolsas europeias.
No entanto, essa preocupação se dissipou com declarações diplomáticas indicando que nem EUA nem Irã desejam um confronto direto prolongado.
Petróleo: Estabilidade Surpreendente após Alta Inicial
➤ Estreito de Ormuz como ponto de tensão
O Estreito de Ormuz é responsável por cerca de 20% do comércio global de petróleo.
O mercado reagiu fortemente aos primeiros sinais de conflito, com o Brent chegando a US$ 86/barril (alta de mais de 7%).
➤ Retração subsequente
Após os ataques iniciais e retaliações controladas, ficou claro que não haveria bloqueio do estreito.
Resultado: queda nos preços para US$ 71–73/barril — um sinal de que a tensão foi interpretada como temporária.
➤ Impactos esperados:
Fator | Reação esperada | Situação atual |
Aumento de conflito | Petróleo a US$ 90–100 | Não ocorreu |
Irã bloqueando o estreito | Recessão global provável | Não bloqueado |
Ataques controlados | Alta momentânea | Já absorvida |
Ativos de Refúgio: Demanda Seletiva
➤ Ouro
O preço do ouro subiu (em torno de 3%) nos dias mais tensos.
É visto como proteção contra incerteza geopolítica, mas a magnitude da valorização foi moderada, o que indica ausência de pânico.
➤ Dólar e moedas fortes
O dólar americano teve comportamento misto:
Se fortaleceu frente a moedas emergentes.
Perdeu força frente ao euro e ao franco suíço, considerados mais “neutros” em relação ao conflito.
Franco suíço e iene japonês se valorizaram como refúgio tradicional.
Títulos e Juros
➤ Renda fixa (Treasuries e bonds europeus)
Alta procura por títulos curtos nos EUA (2 anos), com queda nos juros desses papéis.
Porém, os juros longos (10 anos+) se mantiveram estáveis ou até subiram levemente, indicando que o mercado não vê risco de recessão iminente.
O que os analistas estão dizendo
Citigroup:
“Um conflito regional sem impacto energético direto não deve impedir o S&P 500 de atingir 6.300 este ano. As ações de IA e big tech lideram a recuperação.”
Goldman Sachs:
“O mercado só reagiria de forma dramática se houvesse interrupção significativa no fluxo do Golfo Pérsico. Por ora, o conflito está ‘sob controle’ do ponto de vista de mercado.”
Classe de Ativo | Reação Inicial | Situação Atual | Tendência |
Ações | Queda leve | Recuperação | Alta gradual |
Petróleo | Forte alta | Reversão | Estável entre US$ 70–75 |
Ouro | Alta moderada | Estável | Tendência de proteção |
Dólar | Misto | Volátil | Cautela regional |
Títulos | Demanda por segurança | Selectiva | Foco no curto prazo |
Se o conflito continuar localizado e controlado, os impactos devem permanecer pontuais. A principal ameaça continua sendo um eventual bloqueio ao Estreito de Ormuz — mas por enquanto, isso parece pouco provável.




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